
Segundo estimativas do IBGE, a safra brasileira dos grãos em geral deve bater recorde neste ano. Serão quase 259 milhões de toneladas, um avanço de 2,3% em relação ao ano passado. O trigo, que também deveria acompanhar esse avanço, enfrenta um entrave: a falta de sementes.
Atualmente, o Brasil importa metade dos 12 milhões de toneladas que consome. E, para tentar diminuir a dependência estrangeira, a Embrapa desenvolveu, há três décadas, uma variedade que se adaptou bem ao Cerrado brasileiro. No entanto, a área cultivada ainda é muito pequena. O Cerrado tem 200 mil hectares de trigo, mas tem potencial para 4,5 milhões de hectares.
Renildo Simões, que produz o trigo do Cerrado, em Araxá, no interior de Minas, bem que tentou aumentar a área plantada esse ano, mas falta semente.
“As sementeiras não se prepararam para o aumento, em torno de 40% a mais”, explica.
Só uma indústria, que fica em Contagem, na região metropolitana de BH, compra por ano 200 mil toneladas de trigo, apenas 40% são produzidas no estado: é o trigo do Cerrado.
Essa quantidade poderia ser bem maior, se tivessem mais áreas plantadas com essa variedade.
“A própria Embrapa junto com o Ministério da Agricultura está desenvolvendo um plano de expansão do trigo aqui na região do Cerrado. E uma das principais diretrizes desse plano de trabalho, será em cima dos produtores de semente para ocorrer uma maior produção de semente para nós podermos, então, expandir a área produzida com trigo do Cerrado”, explica Júlio Albrecht, pesquisador de trigo da Embrapa.