
Quando fecha os olhos, Vitaly Zivotovsky vê prisioneiros com sacos brancos na cabeça como aqueles conduzidos pelas tropas russas sob a mira de armas e com as mãos amarradas.
Sua casa na cidade de Bucha, hoje sinônimo das atrocidades das quais a Ucrânia acusa as forças russas que ocuparam a região em março, tornou-se uma base para alguns soldados de Moscou e uma prisão infernal para ele, sua filha e sua vizinha, cujo marido foi assassinado.
“Tremíamos não por frio, mas de medo, porque podíamos ouvir o que os russos faziam com os prisioneiros”, explica Zivotovsky em frente à sua casa, agora incendiada. “Não tínhamos esperança”, conta.
A cidade a noroeste de Kiev chamou a atenção internacional pela descoberta de pelo menos 20 corpos em trajes civis achados pela rua.
Para os moradores que sobreviveram, a memória da invasão assombrará para sempre.
“O que você pode sentir? Apenas horror”, diz Viktor Shatilo, de 60 anos, que documentou com fotografias a violência da janela de sua garagem. “É um pesadelo”, acrescenta.
Antes de as tropas russas capturarem Bucha, poucos dias após o início da invasão, esta era uma cidade pequena, mas em constante expansão, nos arredores de Kiev. Logo se tornou um troféu no caminho para a capital.